Perdendo somente para a Nigéria (1991:122.340.000); entretanto, a marca da escravatura e a hegemonia branca obscurecem esta realidade. Esta farsa de olhar e não ver, ou não querer ver, está plenamente estampada no ensino brasileiro. Quem olha para os currículos escolares, do primeiro grau à universidade - salvo raras exceções - não vê a presença negra, senão restrita a algumas lamúrias nas poucas páginas dedicadas à escravatura.
Qualquer brasileiro que tenha passado pelo primeiro grau certamente já ouviu falar da cidade estado grega, do Império Romano, do Sacro Império Romano-Germânico, das potências aliadas;
Alexandre, Nero, dos vários Luízes, Napoleão, Churchil, Roosevelt, Hitler ou Stálin,
mas quem já ouviu falar dos Ashantis, Yorubas, Haussas, Pehuls, Fulas, Bakongos, Makondes, Xhosas, Macuas e Swahílis? E do império do Monomotapa, dos reinos do Daomé, do império Vátua, da Rainha Nzinga, de Mussa Keita, de Sundjata, de Tchaka e Ngungunhana, Amílcar Cabral, Patrice Lumumba, Julius Nyerere ou Samora Machel? Alguém já estudou a respeito? Já ouviu sequer falar?
Por fim cabe lembrar que estes parêntesis em que as culturas africanas estão colocadas, hoje no Brasil, não são casuais. Todos sabemos, desde há muito, que a cultura hegemônica considera-as marginais. Cabe a nós por espírito científico e obrigação de ofício navegar contra esta corrente, trazê-las à superfície não como tábuas salvadoras e restauradoras de um passado perdido, não em busca de um renascimento cultural mas como algo vivo, como expressão de povos dos quais, afinal, também somos descendentes.
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